

DIÁRIOS DO ARAN: MetGala2018 foi tão brega que só Jesus na causa…
Quarta-feira, 9 de maio
Meus olhos viram coisas que não podem ser desvistas!
Falo, é claro, do #MetGala2018 ou #MetBall2018, o baile beneficente que acontece anualmente no museu Metropolitan, em Nova York. Todo ano, em maio, atrizes e cantoras desfilam por lá, geralmente seminuas. Este ano, no entanto, talvez devido à carolice que toma conta do mundo, o tema do bailão foi “Heavenly Bodies: Fashion and the Catholic Imagination”
O resultado foi um constrangedor desfile medievo-brega com gente vestida de anjo, santo, papa, jesus, armadura e coroa de espinhos. Alguns chegaram até carregando cruzes.
As roupas podem ser coletivamente descritas como um mix de “bispo católico em noite de gala” com “madrinha de escola de samba acometida de Pomba Gira”. Não via nada tão ridículo desde o histórico desfile da gloriosa Unidos do Mastruço de 1997. Mas eu estava bêbado. Eu posso explicar.
Federico Fellini encenou um desfile eclesiástico semelhante no filme “Roma“, de 1972. Mas o tom do diretor italiano é de ironia. Ele usa a moda pra satirizar a pompa católica e a decadência da elite romana. No #MetGala2018 teve tudo, menos ironia.
A elite do mundo pop se vestiu de de palhaço e achou o máximo. Curiosamente, só quem aprovou o medievo fashion foi a lacrosfera, que soltava tweets orgasmáticos cada vez que um(a) pateta pisava no tapete vermelho. Lacração e carolice são duas coisas que andam juntas atualmente, apesar de oficialmente se estranharem. É complicado.
Olhando daqui, de bem longe, a impressão que fica é que os Estados Unidos se tornaram o país desenvolvido mais subdesenvolvido do mundo. E o maior sintoma da terceiro-mundização americana é a coroação de El Trumpo, aquele bolsonaro de peruca que eles cataram na rua e levaram pra Casa Branca.
O #MetBallMedieval é só um bailão pra celebrar a tosquice.
Edson Aran faz números de sapateado e é autor do best-seller "As incríveis aventuras sexuais de Jesus Cristo" (inédito).