
Lulu do Canavial: fomos mostrar a bunda na praia de nudismo!
Por Luciene Garcia
Inhaim?
Chegamos a Porto Seguro. Eu com uma dor de barriga. Imagine se eu ia saraivar no avião? Vai que cai merda na cabeça de quem está embaixo. Tomamos um “Úbere”, que um mocinho do aeroporto falou que era mais barato, e fomos pro hotel. Um hotel vagabundo de dar dó. Ficamos as três num quarto só. Colocamos as roupas de banho e perguntamos pra onde ir. A dona indicou Cabrália, onde o Brasil tinha sido descoberto pelos portugueses.
Pegamos outro “Úbere” (trem barato, sô!) e fomos pra essa Cabrália. Que decepção. Uma cruzinha. Por isso que o Brasil é atrasado. Descobrem o Brasil e colocam uma cruzinha. O caramba. Tem que por um deus grego, um homem bonito para dar as boas vindas. Um viadinho explicava que os índios estavam todos nus. Eu pensei: que vadias! Fiquei arrasada com Cabrália. Achei sem graça.
Fomos para outra praia. Todo mundo olhava pra gente. Começamos a pedir caipirinha e levamos uma 51 na bolsa pra ir completando. Para baratear. Ia acabando, a gente punha 51. Tobi, que é rodada nessas coisas por causa dos machos ricos, pediu um caranguejo. Eu que não como esse bicho! Nojento. E ela batia com o martelo e chupava aquelas perninhas cabeludas do bicho. A Lolosa também horripilou: “Nem cabelo de perna de homem eu gosto, que dirá de caranguejo”. Anoiteceu. Voltamos por hotel. Tinha janta na diária. Comi igual uma mudinha de orfanato e fomos pro quarto combinar o outro dia.
A Tobi falou
-Pessoal, em Trancoso tem Praia de Nudismo, vamos?
Todo mundo topou. Cedinho, de “Úbere” fomos para Trancoso.
Chegamos na porta e tinha um monte de regra. E era caro pra cacete, mas meu sonho era entrar numa Praia de Nudismo. Só canga e as vergonhas tudo de fora. Homem sozinho não podia. Imagine se fica com o pau duro? Tem que jogar água gelada pra baixar o negócio. Entramos.
Achei tudo muito esquisito. Todo mundo pelado. Os homens andando com os “balangandãs” penduradas. As “muié” com as aranhas de fora. Tinham uns que nunca viram uma “gileti” na vida.
Os homens com os pintos cheio de protetor. A Tobi já foi passando pasta d’água. A bicha tem um luxo com aquele negócio que só mija… Eu meti pasta d’água no corpo. Passei tanto que fiquei parecendo integrante do Timbalada.
Lolosa, quando tirou a parte de cima do biquíni, os “peito” foi parar lá embaixo. Perguntei quanto estava a temperatura da areia. Respondeu: “a mesma no butão da sua mãe”.
Sentei na areia. Meu furico tampou. Tobi soltou um pum (aqueles caranguejo lá…) e espalhou areia pra todo lado. Eu apelei:
– Bicha, vai peidar na cara de outros!
O resto dos dias foi tudo praia, caipirinha, procurar homem bonito e mostrar a bunda. Até chegar o dia de voltar… de avião. Meu terror. Mas sabem de uma coisa? Português é burro, mas Deus é brasileiro.
Luciene é jornalista e de duas a três vezes por semana incorpora o espírito da irrequieta Lulu do Canavial aqui no RdB