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Quando Lulu do Canavial era jovem, o logotipo da Globo Golpista era esse

Lulu do Canavial “Me segura! Eu vou trabalhar na Globo!”

  • 22 de agosto de 2018
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  • da Redação
  • Publicado em BANANEWS!
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Lulu do Canavial “Me segura! Eu vou trabalhar na Globo!”

Por Luciene Garcia

Inhaim?

“Hoje eu vou mudar, vasculhar minha gaveta, jogar fora sentimentos e ressentimentos tolos…”. Hoje acordei ouvindo a Wanusa e decidi mudar de vida. No meu barraco com o Tedão, meu burro superdotado, aumentei o rádio. “Fazer limpeza no armáriooooo”. Aquela franja da Wanusa é meu sonho de consumo. E a música me despertou: “plim-plim”.

Vi na farmácia do Teobaldo da Farmácia um jornal dizendo assim: “teste para figurante da novela da 8 da Globo em São Roque de Minas”. Era a minha vez. São Roque é pertinho. Vou lá, ah, vou. Vou aparecer na Globo e mostrar para aquelas invejosas da rua de baixo que tô podendo, que não sou uma faxineirazinha de quinta categoria.

Liguei pra Lolosa. “Lolosa, vamos aparecer na Globo”. A Lolosa, assanhada, moça de riso fácil, topou na hora. Fui na farmácia e pedi à Dona Tonha, vizinha de muro, que sabe ler melhor que eu. Pedi pra ela explicar. Ela disse que a equipe estava na cidade fazendo teste para figurante. “Mas Dona Tonha, aparece muito tempo na novela?”. “Sei não…” Dona Tonha sabe ler, mas é meio burrinha pra explicar. Só falou que ia tratar de trans. Deve ser de milho trans. Combinei com a Lolosa: a gente paga a gasolina do Tonhão do Bicho e ele leva a gente. Paga umas cervejas também. Resolvemos ir. Tonhão topou. Ele é moço do jogo do bicho e a Lolosa é a sua melhor bicheira.

Sonhei. Sonhei com os meus vizinhos e o povo da cidade me vendo em horário nobre. Eu dando autógrafos com o cabelo vermelho da Marina Ruy Barbosa (acho feio, mas…). Eu perto da Suzana Vieira, que é tão velha quanto eu, tem boca de moela de frango, mas parece assim, uma mocinha. Eu de empregada da Flávia Alessandra para servir cafezinho naquela mesona branca, cheia de xícara, bolo, essas coisas que engordam (aposto que ela não come).

E pensei nos gatos. Ai, o Cauã Reymond me dando uma fungada. Lolosa me disse que isso era impossível. Invejosa… Sabe lá se ele se encanta pelos meus cabelos, meus olhos estrábicos e verdes de lente, meu corpítcho GG (mulher tem que ter carne), meu charme daquelas mulheres que eu via nos filmes de cowboy, quando minha cidade tinha cinema, nos filmes estrelados pelo Giuliano Gemma. Eu posso. A Wanusa me deu forças.

Marquei cabelo e fui espichar o pixaim. Caramba, essa cabeleireira era o cão e o secador esquentou minha orelha igual forma de fazer bauru. Espicha, espicha. Ficou lusco-fusco, com uns fiapos em pé. Mas dá pra chacoalhar. Pá, show. Depois a maquiagem: sombra verde, batom vermelho-puta-que-dá-fácil, blush (rouge no meu tempo), lápis nos olhos. A roupa, a mais nova que eu tinha: um vestido amarelo com desenhinhos em vermelho, colado ao corpo. Sapato vermelho de saltão (ai, meu Deus, tenho osteoporose, se eu caio não cola mais, o que mata velho é tombo, caganeira e vento nas costas). Resolvi levar um chinelinho também.

Lolosa chegou vaporosa com um casaco cheio de pelos ao redor do pescoço e no punho, uma microssaia verde, blusa vermelha e sandália de salto alto. A bicha sabe ficar sensual, mas sou mais eu.

Saímos, fomos no Opala do Tonhão do Bicho, que pita igual sapo. Passamos perto de Capitólio e o Tonhão: “Aqui tem Escarpas do Lago, só casão, tá cedo, vamos conhecer, vou ser rico ainda”. Concordamos, estava cedo. No caminho um fedor de booooooosssssssta. Quê isso, gente? Perto de risco e esse cheiro de bosta? Ah, deve fazer parte. Entramos, só casão, lanchona. Sonhei comigo e Cauã ali tomando sol. Se ele se interessou pela aquelazinha do BBB da boca de jacaré, poderia se interessar por mim também. Partimos para São Roque.

Em São Roque estava um fervo. Um monte de homem bonito, um mundo de sapatas de boné, câmeras, uma fila de dobrar quarteirão. Pus o sapato que me come o dedinho.

Vou pra Globo! Quero dar autógrafos! Demorou mais de três horas para chegar a nossa vez na fila. Entramos separadas num quarto. Um homem gritou “vira pra esquerda, mexe, sorri, ria, corra, agache”. Aí, fodeu. A mocinha falou: “qualquer coisa, a gente chama a senhora”.

Falou o mesmo pra Lolosa. Que figurante da Globo, que nada. Fomos reprovadas. Na hora de ir embora, uma menina metidinha que estava na fila falou tirou sarro: “ganhou papel de árvore, hein, tia?”

“Vá pra puta que pariu!”, eu respondi.

Ser global foi um sonho que durou um dia. Pobre é foda.

 

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