
Por Jotapê Jorge
Esqueçam Danilo Gentili, Fábio Porchat ou os olhinhos caídos de Gregório Duvivier. Nem me venham com Tatá Werneck, Dani Calabresa ou Marcelo Adnet. Podem enterrar toda a turma de A Praça é Nossa, do Zorra e da versão 2.0 de Escolhinha do Professor Raimundo. Céus! Esqueçam até mesmo esta República dos Bananas! O melhor comediante do Brasil, o melhor texto, não é ninguém menos que Carlos Bolsonaro, o Carluxo.
Há quem fale mal de Carluxo. Que é um abilolado, um paspalhão. Um sujeito meio tonto. Eu digo: vocês não entenderam nada. Criticar Carluxo por seus maneirismos é como criticar Chaplin por ser Carlitos. “Ah, esse personagem é meio desmiolado!” Pois é esse o ponto, imbecil!
Carluxo está revolucionando o humor brasileiro. É, arrisco, o único comediante nacional que entendeu a era da internet. Enquanto Duvivier usa o Twitter para gritar Lula Livre e Gentili para fazer piadinhas de tio do pavê, Carluxo arrisca, cria, multifaceta. Ele é um clown, na melhor acepção da palavra. Ou, talvez, um anti-humorista, na esteira de Tom Green. Seu personagem subverte nossas expectativas, é quase um meme, um retrato de nossa época, uma sátira do troll de internet. Carluxo leu Marshall McLuhan e entendeu que o meio é a mensagem. Leu Umberto Eco e decidiu dar vida ao idiota da aldeia.
Uma análise de seu texto comprova: ninguém escreve tão mal de propósito. Afinal, “quem somos nós nesse infinito estelar”? “A geração Paulo Freire está agitada e não sabe interpretar um desperdício de energia tremenda […]” ou “Tenho literalmente me matado” ou ainda “como muitos, sou apenas mais um”. Vejam que perfeição! Cada palavra, cada falta de vírgula, cada tweet… Tudo é composto com carinho imenso, como se o mestre tirasse os vocábulos de uma caixinha de música.
Por isso digo: Carluxo, venha escrever com a gente! O RdB precisa de alguém como você. Eu, humildemente, cedo meu lugar. Você pode achar que esta é uma brincadeira. Mas não é. Sabemos que seu único objetivo é nos fazer rir.
A gente é que ainda não entendeu a piada.
O sonho de Jotapê Jorge é ser tão engraçado quanto Carlos Bolsonaro. Ele escreve por aqui e também no Twitter.
Queria ganhar a vida escrevendo, mas descobriu que não sabia usar à crase.