
Petistas e bonoros, arranjem um quarto!
por Jotapê Jorge
Esqueçam a crise democrática. Às favas com o Ministério da Educação. Que se dane o astronauta, o Democratas ou o Onyx Lorenzoni. O Brasil vive hoje uma crise muito mais profunda… Profunda e melada. E pegajosa. E… Bom, o que eu quero dizer é que vivemos uma crise sexual. Tempos bicudos. Tempos sombrios.
O brasileiro está transando pouco, e isso fica claro nas threads do Twitter, nos textões do Facebook e nas discussões acaloradas entre sobrinhas fãs de Pablo Vittar e tios adoradores de Alvarenga e Ranchinho. Há uma tensão sexual no ar. Úmida, suja, suada, com marcas de dentadas nas costas e… ah! Me desculpem. Do que eu estava falando, mesmo?
Ah, sim… Não podia ser diferente. É uma simples questão de aritmética. Os homens votaram em Bolsonaro, que adorava falar mal no Lula, que era amado por Haddad, que era idolatrado pelas mulheres — e um monte de brasileiros que não votaram em ninguém. Nessa quadrilha, 60% dos homens votaram no capitão truculento e dois terços das mulheres no prefeito gato. O que isso tem a dizer sobre as tendências sexuais desses dois grupos? Deixo isso para os antropólogos analisarem. O fato é que o neste 2018 a vida sexual do brasileiro se tornou um high five mal ajambrado, em que os dois lados ficaram com a mão levantada para o ar. No fim, nem se organizar direitinho todo mundo transa.
A única solução é, como sois ser na política, fazer concessões. Na época do presidente Lula chamava-se “governo de coalizão”, mas agora os tempos são outros e podemos voltar a dar o devido nome: putaria gostosa. Amigo bonoro, amiga petista, vocês terão de dar as mãos (entre outras coisas). Não tenham vergonha! É muito mais divertido do que brigar em redes sociais. No final vocês estarão tão cansado que nem vão lembrar de postar fotos da academia no Instagram ou poeminhas no stories. Você praça, acho transem, pelo amor de Deus! A sociedade, meus amigos, agradece.
Quem sabe daí não nasça um amor? Sei que é difícil admitir, mas vocês foram feitos um para o outro. Querendo ou não, ambos idolatram um ungido demagogo. Adoram uma narrativa “do bem” e ambos estão dispostos a passar qualquer pano para o seus supremos líderes. It’s a match made in heaven!
É só não falar o nome do dito cujo na hora H.
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Queria ganhar a vida escrevendo, mas descobriu que não sabia usar à crase.