

VAMOS FICAR EM CASA E FAZER AMIGOS
por Ogden Nash
Ogden Nash (1902-1971) foi um poeta americano que levou humor à poesia, um gênero quase sempre dramático, cheio de interjeições, mimimis e lamentos sobre a insensibilidade humana. Este texto abaixo é dos anos 20 do século passado e entra nessa República mais pela malemolência do que propriamente pelo conteúdo, que é meio pro moralista e puritano. Pra você ver que nada muda e o mundo sempre anda é pra trás mesmo. A tradução é do Aran.
Poderia eu oferecer uma única palavra para comentar a sessão?
Decepção!
Por Deus, ele não podia ser um pouco menos anatômico
E um pouco mais cômico?
Não podia ter um pouco mais de jeito
E um pouco menos de peito?
Tem que ter apenas essas cenas que vemos no zoológico, seja na casa do iaque ou na jaula do macaco?
Não tinha como ter algo de divino e menos de Baco?
Todo esquete tem que ser sobre sexo?
Não dá pra conquistar com algo mais complexo?
Esses produtores não sonham com maneiras mais sutis de encher essas cadeiras do que servir suas namoradas em trajes de rameiras
Para manobrar multidões a pagar muitos milhões apenas para mirar os mamilos das moçoilas?
O abaixo-assinado obviamente não é um maníaco
Ele quer apenas um espetáculo que não seja afrodisíaco
Não é que ele proponha que toda e qualquer atração
Seja do tipo que pode ser legalmente apresentada em São José do Riachão;
Não é que ele sugira que a forma feminina deva ser trancada como se fosse coisa extremamente sagrada
Ele apenas acredita que um dedo desnudo na vida privada tem muito mais significado do que toda essa gente pelada
Alguém da equipe escreveu, mas ficou com vergonha de assinar.